Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o mar e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal.

Poema O Infante, Fernando Pessoa

30 ANOS DA UNIMAGEM
UMA HISTÓRIA POR CUMPRIR

Neste mês de abril, a Unimagem celebra o seu 30º aniversário. É para todos os que ainda estão neste barco, motivo de regozijo e de forte empenho para os meses que se avizinham.
O caminho da Unimagem tem sido uma história de sucesso. A prova é que continuamos vivos passados 30 anos; continuamos com uma carteira muito confortável de clientes, cuja maioria nos acompanha há décadas; apostámos noutros veículos de comunicação mais ousados e inovadores e temos uma segura situação financeira.
Ultrapassados com êxito os anos da crise económica e financeira, chegou-nos pela frente um mar revolto e cheio de armadilhas. Maldita pandemia que afeta toda a nossa vida social, económica e política.
Mas somos resolutos e resilientes para remar contra ventos e marés.
No nosso 30º aniversário iremos fazer uma homenagem a todos que tornaram possível a realização do sonho Unimagem.
Mas seria injusto se não evocasse, aqui e agora, quem foram as pessoas que ajudaram a lançar e a construir este barco.

José da Cunha Guimarães primeiro, chairman da Unimagem. Vice-presidente da UIF (entidade do grupo José de Mello) com uma vasta experiência no setor bancário e financeiro foi relevante na forma como sempre dirigiu as reuniões de acionistas. Com um bom senso extraordinário contribuiu nos primeiros anos para que os acionistas da empresa mantivessem entre si uma relação sempre cordial e de unidade.

Pedro Themudo de Castro, presidente do Conselho Fiscal que, movendo-se bem na vida política e partidária foi relevante em termos conseguido trabalhar com algumas figuras notáveis do regime como foi o caso do provedor de Justiça, Menéres Pimentel. Durante 4 anos prestámos o nosso apoio na área da Comunicação a um dos homens que mais de perto colaborou com Francisco Sá Carneiro. Recordo com nostalgia muitas das tardes que passei com Menéres Pimental no seu gabinete da rua Pau da Bandeira à Lapa. Exerceu o cargo como um autêntico «defensor del Pueblo».

José da Mota Veiga, distinto advogado e deputado do PSD, que encabeçou desde muito cedo esta aventura, permitindo fazer uma ligação muito relevante ao Grupo Compta – na altura liderado pelo saudoso Vitor Assunção. Sempre em busca de novas oportunidades de negócios e movendo-se com grande agilidade na vida empresarial nos idos anos 90. Amigo pessoal do então primeiro-ministro, Aníbal Cavaco Silva. Tinham sido colegas no Instituto Superior de Economia.

José Tancredo Pedroso, da administração do grupo Compta, também teve uma participação sempre muito ativa nos primeiros anos da Unimagem. Sempre muito solícito em ajudar em tudo o que fosse possível, sobretudo na parte organizacional.

Luis Penha e Costa, o grande impulsionar desta iniciativa e que desde sempre puxou por este barco. Ex-jornalista e editor de economia do semanário Expresso foi mais tarde chefe de gabinete do primeiro-ministro, Francisco Pinto Balsemão.

Na altura do arranque da Unimagem era um empresário ligado a diversos meios de comunicação social e a revistas especializadas em vários domínios como automóveis ou jardins. Foi durante os primeiros anos da Unimagem presidente do Conselho de Administração da empresa e ficaram célebres as reuniões do Conselho de Administração que se realizavam semanalmente à hora do almoço e cuja refeição eram umas sandes de fiambre e queijo acompanhadas por laranjadas ou coca colas. O Luis Penha e Costa tentava sempre acompanhar de perto o quotidiano da empresa mas cedo também percebeu que a atividade comercial não era tarefa fácil para um setor empresarial, ainda bastante desconfiado da força brutal da comunicação. Conheci o Luis Penha e Costa ainda adolescente quando ambos integrávamos a equipa de rugby do CDUL. Treinávamos semanalmente às quarta feiras à noite no Estádio Universitário. Jogávamos os dois na mesma posição três quartos ponta só que ele era sénior e eu júnior. Mais tarde, no verão quente de 75 encontrámo-nos no semanário Expresso. Ele a chefiar a secção de Economia do semanário, eu a trabalhar na área sindical e mais tarde política. Foi uma altura em que convivemos muito com atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Eu naturalmente mais próximo porque trabalhava diretamente sob a orientação de Marcelo. Personagem com uma invulgar capacidade de trabalho, com um raciocínio rápido como um relâmpago e que assisti muitas vezes a ditar dois artigos diferentes para as suas duas secretárias. Quis o destino na altura que o meu caminho não se tivesse cruzado com o do Luis Penha e Costa. Ele foi para chefe de gabinete de Pinto Balsemão e, apesar de Marcelo, quando foi nomeado para secretário de Estado da Presidência de Conselho de Ministros, me ter convidado para seu chefe de gabinete, o primeiro ministro da altura, dono do Expresso exibiu-me um cartão encarnado à minha saída do jornal.

Mais tarde, também quando fui convidado para ser correspondente da Anop, do Expresso e da RTP em Bruxelas, no início das negociações para a adesão de Portugal à CEE, tive um convite então endereçado pelo secretário de Estado da Comunicação Social, José Alfaia. Mais uma vez a história repetiu-se. O primeiro-ministro, Pinto Balsemão opôs-se à minha ida para Bruxelas. Se o convite se tivesse concretizado nunca a Unimagem teria nascido. São os encontros e os desencontros do destino…Anos antes, também fui nomeado para conselheiro de imprensa da embaixada de Portugal em Madrid, mas acabei por não ir.

Compagnons de route

A história da Unimagem cruza-se com a do grupo José de Mello quando em 1991 começamos a trabalhar a imagem e comunicação do grupo.
Esta é uma história em que crescemos juntos. O grupo José de Mello renasceu em Portugal em 1991 e a Unimagem foi fundada nesse mesmo ano.
Como recordar é viver, vamos revelar alguns dos factos mais significativos de uma já longa relação que nunca foi beliscada por qualquer atrito ou mal-entendido.
O primeiro trabalho que a Unimagem prestou ao Grupo José de Mello foi quando esta instituição adquiriu a Sociedade Financeira Portuguesa. A partir desse dia, trabalhámos a comunicação e imagem da sociedade que mais tarde se transformou no Banco Mello.
Muitas reuniões depois se realizaram na Unimagem com o apoio de Joaquim Aguiar, na altura já administrador do grupo José de Mello, e com a colaboração do responsável de comunicação do grupo Vitor Gonçalves. Discutiu-se na altura qual deveria ser o lema que caracterizaria o grupo até se chegar à conclusão que se deveria ser a Tradição do futuro.
Com esta aquisição o Banco Mello viria mais tarde a adquirir a União de Bancos, ao mesmo tempo que o grupo consolidava a sua situação financeira, recuperando a seguradora Império.
Com esta aquisição lembro-me de um jantar realizado na rua D. Carlos I, onde estiveram presentes diversas personalidades que infelizmente já não se encontram entre nós, tais como o senhor José Manuel de Mello, José Guimarães, António Teixeira e Nuno Xara Brasil.
Com aquisição da Império foi relançada no Grupo a área do Imobiliário. Os terraços do Chiado, a urbanização do Montijo ou a constituição da empresa Selecta, foram alguns dos projetos desenvolvidos.
O Banco Mello, sempre muito inovador, lançou no Pavilhão Atlântico um cartão de débito que atribuía pontos nas viagens da TAP. Para explicar aos gerentes de conta do banco como funcionava este cartão foi realizado um evento em que dois artistas muito em voga na altura apresentavam um número muito divertido sobre as vantagens de se usar esse novo cartão. Toda a coreografia tinha como cenário a música Simply the Best, cantada por Tina Turner.
No início do século, a área da saúde também se começou a expandir com a construção do hospital CUF Descobertas. Virado numa fase inicial para a maternidade, chegou-se à conclusão que o ideal seria conjugar a inauguração do hospital com uma figura pública que pudesse ser das primeiras a inaugurar esta área. Foi assim que a atriz Sofia Alves, vedeta na SIC foi desviada pela Unimagem da Cruz Vermelha portuguesa para a CUF Descobertas, dando assim um sinal de grande vitalidade ao novo hospital junto de setores relevantes da sociedade portuguesa.
Com a venda do Banco Mello ao BCP não terminou a relação da Unimagem com o grupo.
Depressa com a aquisição da Brisa, uma vez mais a Unimagem foi chamada a desempenhar as funções de consultora de Comunicação, relação que se manteve durante 20 anos. Muitas outras estórias poderiam ser contadas nestes anos em que a Unimagem se cruzou com o grupo José de Mello. Conselhos Consultivos, reunião de acionistas, reunião de quadros e outro tipo de iniciativas que se multiplicaram com o passar dos anos.
Fizemos 30 anos, mas o futuro reserva-nos um lugar risonho, sobretudo com a nova área de inovação que se abre à empresa. A aposta nas redes sociais e no marketing digital são desafios que irão reforçar ainda mais a nossa oferta de produtos e colocar-nos na linha da frente na área da Comunicação.
E como diz o ditado: O caminho faz-se caminhando…E tal como dizia o poeta falta cumprir-se Portugal e eu acrescento falta cumprir-se a Unimagem.

Miguel Almeida Fernandes